quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A pobreza é uma maldição.

Missionário que treina obreiros para atuar em favelas defende que riqueza e dízimos devem ser usados para socorrer carentes.

Com um jeito simples, fala mansa, sorriso tímido e olhar pacato, Viv Grigg facilmente passaria despercebido, não fosse pela notória aparência de estrangeiro. Mas por trás de seu temperamento tranquilo e comedido, este neozelandês de 58 anos faz um trabalho de gigante. Oriundo de uma família de posses, decidiu abrir mão dos confortos da vida abastada para viver em favelas miseráveis de países pobres e levar o Evangelho de Cristo aos mais necessitados. Munido de conhecimentos adquiridos em seu mestrado e doutorado em teologia, seguiu o que entende ser o exemplo de Jesus na encarnação: deixou sua realidade para viver o dia a dia dos carentes.

Grigg veio ao Brasil para compartilhar sua visão com os cristãos do país. Trata-se de uma filosofia de ação que ele batizou de “avivamento transformador”. Seu objetivo é treinar uma tropa de missionários urbanos locais para se unir a um exército internacional disposto a entrar nas favelas, mesclar-se à comunidade a compartilhar as boas novas de salvação com cores econômicas, sociais e políticas. Já há muita gente fazendo isso, por certo; mas Grigg enfatiza a necessidade de treinamento para que pastores e missionários urbanos possam de fato promover transformação social através do Evangelho. Ele coordena a Urban Leadership Foundation (www.urbanleaders.org, por enquanto apenas em inglês), entidade que é a base do projeto.

Mas esse batista de berço tem uma razão a mais para vir ao Brasil: ele é casado há vinte anos com a missionária brasileira Ieda, da Igreja Metodista Livre, com quem tem três filhos. Por isso, sua relação com o país é especial. “Quero encontrar cinco mil brasileiros que aceitem esse desafio”, anuncia. Autor de O grito pelos pobres e Servos entre os pobres (Ultimato), que está em sua segunda edição, Grigg tem uma visão bem própria acerca da teologia da prosperidade, riqueza e mutualidade. “Não é pecado ser rico, desde que se viva com simplicidade e se ajude os outros”, pontifica. No seu entender, e ao contrário do que boa parte da itelligentzia prega, programas governamentais que normalmente são acusados de assistencialismo podem ser boas iniciativas. Durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, Viv Grigg recebeu a reportagem de CRISTIANISMO HOJE para esta entrevista exclusiva nas dependências do Seminário Teológico Betel, que colaborou no agendamento do encontro.

CRISTIANISMO HOJE – A Igreja Evangélica brasileira é hoje muito influenciada pela teologia da prosperidade. O pobre realmente precisa de promessas materiais para seguir a Cristo?

VIV GRIGG – Sim, precisa. Mas isso não tem necessariamente a ver com a teologia da prosperidade. Quando a pessoa se converte, imediatamente ela ora e Deus começa a responder suas orações. A conversão a leva a integrar-se a uma comunidade de fé, que também é uma comunidade econômica, na medida em que todos ali se ajudam. Então, o indivíduo começa a abandonar determinados pecados – alcoolismo, dependência de drogas, violência doméstica… Quando essas coisas mudam, a situação econômica da família começa a se transformar, e essas são graças imediatas da conversão. Apesar das críticas que sofre, o pentecostalismo gerou um grande impacto: a vida das pessoas mudou, o senso de comunidade promoveu benefícios econômicos resultantes de uma ajuda mútua e seus participantes desenvolveram um senso de identidade. Isso é parte das bênçãos de Deus. O Senhor quer que nós tenhamos o suficiente para viver. Essa parte da doutrina é correta, bíblica e muito boa para os pobres. No entanto, isso não inclui mansões, carros de luxo e um estilo de vida esbanjador.

(clique aqui e continue lendo esta entrevista no site da revista Cristianismo Hoje ).

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