quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Adeus ano velho. E aí, ano novo?!

Estou meu quarto ouvindo o barulho dos fogos. Um ou outro festeiro mais ousado - ou mais 'mamado'! - arrisca a soltar fogos, mesmo debaixo de chuva. Aparentemente estão todos felizes e cheios de esperança.


Gostaria de ter o otimismo de alguns e estar tão feliz e tão esperançoso quanto outros. Não é o caso. Felizmente 2009 já está indo embora. Foi um ano muito difícil. 


Não fosse a esperança que tenho em Cristo Jesus e a certeza de que, com Ele, mesmo as situações mais adversas podem servir de bênçãos nas nossas vidas, consideraria essa passagem de ano apenas e tão somente como mais uma virada no calendário.


Apesar de saber que quase nada vai mudar, desejo um ano novo de bênçãos para todos. Somente com as bênçãos do Senhor Jesus é que conseguiremos vencer mais um ano. Somente na vivência do Evangelho é que poderemos ter um ano que valha a pena.


Que sigamos a orientação bíblica da partilha solidária e que se cumpra entre nós o desejo do apóstolo Paulo para a igreja de Corinto: "Não estou querendo aliviar os outros e pôr um peso sobre vocês. Já que agora vocês têm bastante, é justo que ajudem os que estão necessitados. Em alguma outra ocasião, se vocês precisarem, e eles tiverem bastante, aí eles poderão ajudá-los. Assim todos são tratados com igualdade. Como dizem as Escrituras Sagradas: "Ao que muito pegou, nada sobrou; ao que pouco pegou, nada faltou." (II Coríntios 8. 13-15 NTLH).


Que nos esforcemos para buscar ao Senhor em todas as coisas e que saibamos entender e viver os planos Dele para nós.


Um forte e fraterno abraço para todos.


Em Cristo.


Pr. Joel Jr.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O natal de Maria.

"A coisa toda se estreita cada vez mais, até que afinal pára num pequeno ponto, pequeno como a ponta de uma espada – uma moça judia em oração". C. S. Lewis.


Sempre que chega esta época de Natal os meus pensamentos se voltam para este acontecimento maravilhoso e eu tendo a me concentrar muito mais na figura daquela adolescente pobre do que propriamente na do menino Jesus. Maria exerce um fascínio sobre mim. Você já parou pra pensar em como ela se sentiu quando aquele bebezinho no seu ventre começou a chutar contra as paredes do seu útero? Qual teria sido a reação dos pais dela? Será que, conforme questiona Philip Yancey em seu espetacular livro "O Jesus que eu nunca conheci", reagiram como muitos pais de jovens não casados de hoje, com uma explosão de fúria moral seguida de um período de silêncio sombrio pelo menos até que finalmente chegue o recém-nascido de olhos brilhantes para quebrar o gelo e criar uma pequena trégua familiar?" Você já conseguiu imaginar todas as humilhações e dificuldades que aquela situação causou para Maria, José e suas famílias? Tente imaginar todas as explicações que tiveram que dar.


"Sem dúvida", diz Malcolm Muggeridge, "em nossos dias seria extremamente improvável, sob as condições existentes, que Jesus tivesse permissão de nascer, pelo menos. A gravidez de Maria, nas desagradáveis circunstâncias, e com pai desconhecido, teria sido um caso de aborto; e sua conversa de ter concebido pelo Espírito Santo teria exigido tratamento psiquiátrico, tornando o argumento a favor da interrupção da gravidez ainda mais forte. Assim, a nossa geração, precisando de um Salvador, talvez mais do que qualquer outra que já existiu, seria humana demais para permitir que ele nascesse".


Apesar de ter ficado grandemente perturbada e de ter tido medo com o aparecimento do anjo que anunciou que ela seria mãe do Filho do Altíssimo cujo reino não teria fim, e, após ter ouvido e analisado a repercussão de todo aquele acontecimento, Maria respondeu: "Eu sou a serva do Senhor. Cumpra-se em mim segundo a tua palavra".

Maria entendeu que a obra do Senhor freqüentemente pode ser comparada a uma faca de dois gumes: com grandes alegrias e grandes sofrimentos e ela abraçou os dois. Ela foi a primeira pessoa a aceitar Jesus com todas as suas condições, apesar do custo pessoal que isso implicaria. Por isso, não é difícil de entender a idolatria que se formou em torno da sua figura no decorrer da história do cristianismo. As pessoas aceitam mais facilmente a história de uma virgem que concebeu um lindo bebezinho do que a história subjacente ao Natal: a de que aquele lindo bebezinho iria crescer para ser executado em favor da humanidade.

Tem uma canção chamada "Memórias", que o músico evangélico João Alexandre gravou. A letra foi escrita como se a própria Maria estivesse rememorando os momentos da sua vida familiar com o Filho de Deus, desde o seu nascimento até o momento em que ela o viu se esvaindo em sangue na cruz do Calvário. Gosto, particularmente da parte que diz assim: "Hoje eu entendo as palavras do anjo quando ele disse o teu nome. Tu és a tão esperada promessa, o Deus do céu entre nós. És do teu povo o libertador, tu és o meu salvador e o Cordeiro de Deus. E pensar que algum dia te embalei nos meus braços, Jesus!" Um primor de letra que demonstra toda a sensibilidade de quem a escreveu. Tente imaginar a reação de Maria quando ouviu de José o relato do sonho que ele tivera em que um anjo lhe aparecera para dizer que o menino corria perigo e que eles deveriam se refugiar no Egito. Imagine o desespero de uma mãe que sabe que o seu filhinho tão querido, que não tinha nem dois anos de idade, corria perigo. É por esses e por outros motivos que Maria me encanta tanto.

Entendo que esta é uma época de luzes, enfeites e música. Entendo também que é praticamente impossível ignorar todo esta disposição das pessoas em viver o amor e a bondade. Sei do desejo de muitos de viverem um momento de paz familiar, nem que seja apenas por um dia. Mas será que isso é suficiente? Penso que não, pois o Natal não trata disso. Não o verdadeiro Natal. Creio que, se Maria pudesse ver tudo o que está acontecendo no mundo nestes dias, ficaria horrorizada. Talvez dissesse: "Mas não foi por isso que o meu bebê nasceu!".

As pessoas precisam entender que a verdadeira história do Natal tem o seu início na eternidade, no momento em que Jesus ofereceu a si mesmo como sacrifício, para que através da sua encarnação, seu ministério e, sobretudo, sua morte e ressurreição o pecador perdido pudesse viver novamente em comunhão com o Pai. Aqui na Terra a verdadeira história do Natal começou em Belém, passou pelo Calvário e continua a acontecer na vida de cada pessoa que, assim como a jovem Maria, recebe Jesus como único e suficiente Salvador e Senhor e aceita todas as implicações que esta decisão acarreta.

Que nas saudações natalinas que você vai trocar com outras pessoas possa acontecer contigo o que aconteceu entre Maria e sua prima Isabel: "Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto: — Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também!". (Lc 1. 39-43). Veja que saudação maravilhosa: "você é mais abençoada (bendita) de todas as mulheres (...). A criança é abençoada também (bendito)". A nossa saudação nesta época precisa estar carregada do verdadeiro sentido do Natal: "Cristo em vós, a esperança da glória".

Que seus amigos, parentes, vizinhos e conhecidos possam perceber na sua voz, palavras e olhar que Cristo não apenas nasceu. Que todos quantos o conhecerem possam perceber que Cristo vive e reina na sua vida.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Não quero ser apóstolo!




Ricardo Gondim Rodrigues

Os pastores possuem um fino senso de humor. Muitas vezes, reúnem-se e contam casos folclóricos, descrevem tipos pitorescos e narram suas próprias gafes. Riem de si mesmos e procuram extravasar na gargalhada as tensões que pesam sobre os seus ombros. Ultimamente, fazem-se piadas dos títulos que os líderes estão conferindo a si próprios. É que está havendo uma certa, digamos, volúpia em pastores se promoverem a bispos e apóstolos. Numa reunião, diz a anedota, um perguntou ao outro: “Você já é apóstolo?” O outro teria respondido: “Não, e nem quero. Meu desejo agora é ser semi-deus”. Apóstolo agora está virando arroz de festa e meu ministério é tão especial que somente este título cabe a mim”. Um outro chiste que corre entre os pastores é que se no livro do Apocalipse o anjo da igreja é um pastor, logo, aquele que desenvolve um ministério apostólico seria um “arcanjo”.

Já decidi! Não quero ser apóstolo! O pouco que conheço sobre mim mesmo faz-me admitir, sem falsa humildade, que não eu teria condições espirituais de ser um deles. Além disso, não quero que minha ambição por sucesso ou prestígio, que é pecado, se transforme em choça.

Admito que os apóstolos constam entre os cinco ministérios locais descritos pelo apóstolo Paulo em Efésios 4.11. Não há como negar que os apóstolos foram estabelecidos por Deus em primeiro lugar, antes dos profetas, mestres, operadores de milagres, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Mas, resigno-me contente à minha simples posição de pastor. Já que nem todos são apóstolos, nem todos profetas, nem todos mestres ou operadores de milagres, como consta na epístola aos Coríntios 12.29, parece não haver demérito em ser um mero obreiro.

Meus parcos conhecimentos do grego não me permitem grandes aventuras léxicas. Mas qualquer dicionário teológico serve para ajudar a entender o sentido neotestamentário do verbete “apóstolo” ou “apostolado”. Usemos a Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã, das Edições Vida Nova: “O uso bíblico do termo “apóstolo” é quase inteiramente limitado ao NT, onde ocorre setenta e nove vezes; dez vezes nos evangelhos, vinte e oito em Atos, trinta e oito nas epístolas e três no Apocalipse. Nossa palavra em Português, é uma transliteração da palavra grega apostolos, que é derivada de apostellein, enviar. Embora várias palavras com o significado de enviar sejam usadas no NT, expressando idéias como despachar, soltar, ou mandar embora, apostellein enfatiza os elementos da comissão – a autoridade de quem envia e a responsabilidade diante deste. Portanto, a rigor, um apóstolo é alguém enviado numa missão específica, na qual age com plena autoridade em favor de quem o enviou, e que presta contas a este”.

Jesus foi chamado de apóstolo em Hebreus 3.1. Ele falava os oráculos de Deus. Os doze discípulos mais próximos de Jesus, também receberam esse título. O número de apóstolos parecia fixo, porque fazia um paralelismo com as doze tribos de Israel. Jesus se referia a apenas doze tronos na era vindoura (Mateus 19.28; cf Ap 21.14). Depois da queda de Judas, e para que se cumprisse uma profecia, ao que parece, a igreja sentiu-se obrigada, no primeiro capítulo de Atos, a preencher esse número. Mas na história da igreja, não se tem conhecimento de esforços para selecionar novos apóstolos para suceder àqueles que morreram (Atos12.2). As exigências para que alguém se qualificasse ao apostolado, com o passar do tempo, não podiam mais se cumprir: “É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição” (Atos 2.21-22).

Portanto, alguns dos melhores exegetas do Novo Testamento concordam que as listas ministeriais de I Coríntios 12 e Efésios 4 referem-se exclusivamente aos primeiros e não a novos apóstolo.

Há, entretanto, a peculiaridade do apostolado de Paulo. Uma exceção que confirma a regra. Na defesa de seu apostolado em I Coríntios 15.9, ele afirmou que foi testemunha da ressurreição (vira o Senhor na estrada de Damasco), mas reconhecia que era um abortivo (nascido fora de tempo). “Porque sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus” (15.10). O testemunho de mais de dois mil anos de história é que os apóstolos foram somente aqueles doze homens que andaram com Jesus e foram comissionados por ele para serem as colunas da igreja, comunidade espiritual de Deus.

O que preocupa nos apóstolos pós-modernos é ainda mais grave. Tem a ver com a nossa natureza que cobiça o poder, que se encanta com títulos e que fez do sucesso uma filosofia ministerial. Há uma corrida frenética acontecendo nas igrejas de quem é o maior, quem está na vanguarda da revelação do Espírito Santo e quem ostenta a unção mais eficaz. Tanto que os que se afoitam ao título de apóstolo são os líderes de ministérios de grande visibilidade e que conseguem mobilizar enormes multidões. Possuem um perfil carismático, sabem lidar com massas e, infelizmente, são ricos.

Não quero ser um apóstolo porque não desejo a vanguarda da revelação. Desejo ser fiel ao leito principal do cristianismo histórico. Não quero uma nova revelação que tenha sido desapercebida de Paulo, Pedro, Tiago ou Judas. Não quero ser apóstolo porque não quero me distanciar dos pastores simples, dos missionários sem glamour, das mulheres que oram nos círculos de oração e dos santos homens que me precederam e que não conheceram as tentações dos mega eventos, do culto espetáculo e da vã-glória da fama. Não quero ser apóstolo, porque não acho que precisemos de títulos para fazer a obra de Deus, especialmente quando eles nos conferem estatus. Aliás, estou disposto, inclusive a abrir mão de ser chamado, pastor, se isso representar uma graduação e não uma vocação ao serviço.

Não desdenho as pessoas, sinto apenas um enorme pesar em perceber que a ambiência evangélica conspira para que homens de Deus sintam-se tão atraídos a ostentação de títulos, cargos e posições. Embriagados com a exuberância de suas próprias palavras, crentes que são especiais, aceitam os aplausos que vêm dos homens e se esquecem que não foi esse o espírito que norteou o ministério de Jesus de Nazaré.

Ele nos ensinou a não cobiçar títulos e a não aceitar as lisonjas humanas. Quando um jovem rico o saudou com um “Bom Mestre”, rejeitou a interpelação: “Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Mc 10.17-18). A mãe de Tiago e João pediu um lugar especial para os seus filhos. Jesus aproveitou o mal estar causado, para ensinar: “Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20.25-28).

Os pastores estão se esquecendo do principal. Não fomos chamados para termos ministérios bem sucedidos, mas para continuarmos o ministério de Jesus, amigo dos pecadores, compassivo com os pobres e identificado com as dores das viúvas e dos órfãos. Ser pastor não é acumular conquistas acadêmicas, não é conhecer políticos poderosos, não é ser um gerente de grandes empresas religiosas, não é pertencer aos altos graus das hierarquias religiosas. Pastorear é conhecer e vivenciar a intimidade de Deus com integridade. Pastorear é caminhar ao lado da família que acaba de enterrar um filho prematuramente e que precisa experimentar o consolo do Espírito Santo. Pastorear é ser fiel à todo o conselho de Deus; é ensinar ao povo a meditar na Palavra de Deus. Ser pastor é amar os perdidos com o mesmo amor com que Deus os ama.

Pastores, não queiram ser apóstolos, mas busquem o secreto da oração. Não ambicionem ter mega igrejas, busquem ser achados despenseiros fieis dos mistérios de Deus. Não se encantem com o brilho deste mundo, busquem ser apenas serviçais. Não alicercem seus ministérios sobre o ineditismo, busquem manejar bem a palavra da verdade; aquela mesma que Timóteo ouviu de Paulo e que deveria transmitir a homens fieis e idôneos que por sua vez instruiriam a outros. Pastores, não permitam que os seus cultos se transformem em shows. Não alimentem a natureza terrena e pecaminosa das pessoas, preguem a mensagem do Calvário.

Santo Agostinho afirmou: “O orgulho transformou anjos em demônios”. Se quisermos nos parecer com Jesus, sigamos o conselho de Paulo aos filipenses: “Tende o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (2.5-8).

Soli Deo Gloria

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

I'll fly away.

E não é que os velhinhos até balançam a cabeça e batem palmas!? Também! Pudera, né? Conheci esse pessoal hoje num post do Paulo Brabo, do Bacia das Almas. Os tiozinhos do New Orleans Delight e a Marilyn Keller montaram uma tenda na Suécia e mandaram ver no jazz gospel. Muito legal.




É notório para aqueles que costumam perder tempo com algumas de minhas bobagens neste blog o meu gosto por versões. I'll fly away é uma daquelas que já foram gravadas por dezenas de bons intérpretes da música americana. Veja essa versão do impagável Johnny Cash. Detalhe: olha o 'naipe' do uniforme dos coristas e a dancinha esquisita deles. Um barato. Mas isso não tira o brilho da interpretação.





  


sábado, 19 de dezembro de 2009

Todas Elas Juntas Num Só Ser.

     Será a utopia do possível? Se o Lenine encontrou é porque existe. Resta saber quantas ainda restam... disponíveis... alcançáveis... que, mesmo diante da perfeição intrínseca ao seu ser, esteja disposta a dividir a vida com um ser torto como eu. 


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dor.





   Sabe quando os seus pensamentos gritam tão alto, mas tão alto, que é praticamente impossível concentrar-se em qualquer outra coisa e você tem vontade de gritar ainda mais alto do que eles?

   Sabe quando a solidão te toma de assalto e rasga, dilacera e destrói o seu coração de tal maneira que uma simples prece parece um monólogo vazio e inútil?

   Sabe quando as imagens, os sons, as palavras, as preocupações consigo e com outros, a impotência diante de algumas situações te perturbam tanto que dormir se torna quase impossível e, quando acontece, só se tem pesadelos?

   Sabe quando você tenta posar de forte para si mesmo e para outras pessoas, dando a entender que tudo está bem, mas no seu íntimo há um turbilhão que se revolve, se agita, se aquece e a erupção é iminente e impossível de ser evitada?

   Você já se sentiu assim? Você tem idéia do que eu estou falando?

   Se você não consegue imaginar como é se sentir assim, você não tem a mínima noção do meu sofrimento. Mas não te culpo. É complicado entender isso.

   Esse não sou eu. Mas é assim que eu estou.

   Embora as minhas orações se pareçam mais com monólogos vazios e inúteis, insistirei nelas. Não deixarei de fazê-las, pois sinto que alguém as está ouvindo. Esse alguém é Jesus, o amado da minh'alma. Só Ele pode entender o que se passa no meu coração. Apenas Ele pode enxugar as minhas lágrimas. Apenas Ele e mais ninguém.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Círculo universal e atemporal da desgraça e da vergonha.

     São situações semelhantes. Tanto 'In the guetto', composta em 1969 e gravada por Elvis Presley, quanto 'O meu guri', composição magistral de Chico Buarque, esta composta em 1981, falam da infância perdida num recôndito pobre de alguma grande cidade. Esse círculo vicioso que determina a morte de crianças e jovens cada vez mais cedo e em número cada vez maior é estarrecedor. De 69 até hoje, quase nada mudou para melhor. De 81 até hoje, quase tudo mudou para pior. Não conheço Chicago e nem o Rio de Janeiro. Mas conheço muito bem a minha cidade, Cajati. Nela, crianças e adolescentes estão se perdendo por conta do vício das drogas - o crack, em particular - e da exploração sexual. Meninos e meninas são vitimizados às margens da Rodovia Régis Bittencourt sob os olhares de uma sociedade apática e de um poder público inoperante. 
     Segundo reportagem publicada pelo jornal 'O Estado de São Paulo' no último dia 03/11, de janeiro a agosto deste ano o Conselho Tutelar de Cajati registrou 443 atendimentos referentes a exploração ou violência sexual no município, cerca de dois casos por dia. Muitos são vitimizados dentro de suas próprias casas por parentes e/ou conhecidos e outros por caminhoneiros que pernoitam nos pátios dos postos de combustíveis. Digo que são vitimizados porque crianças e adolescentes sempre serão vítimas numa situação dessas. Não há nada que justifique essa barbárie. O pior é saber que, conforme informa a mesma reportagem, nenhuma das cidades atingidas pelo problema da exploração sexual infantil na região do Vale do Ribeira dispõe de uma política específica de enfrentamento.
     Essas músicas são atemporais e universais. Sei que Cajati não é o único lugar do mundo a enfrentar esse tipo de situação. Entretanto, creio que a responsabilidade por quebrar esse círculo de desgraça e vergonha é nossa. Somente com uma postura firme e séria diante dessa realidade é que seremos capazes de garantir um futuro melhor para os nossos meninos e meninas. Creio que a agenda da Reino de Deus inclui uma preocupação genuína com o futuro desses que, nascendo nos guetos congelados de Chicago ou nas favelas ardentes do Rio de Janeiro, estão sob a responsabilidade da sociedade, do poder público e das instituições religiosas. Abençoemos essas vidas para a glória de Deus. Não deixemos que esses pequeninos se percam.








quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Por que os bons estão em silêncio?


“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. (Martin Luther King)
A maior metrópole brasileira é paralisada pelo crime organizado. Na capital do país, corrupção é algo corriqueiro. Criminosos tornam-se capa de revista semana após semana. Filhos matam os pais e tornam-se celebridades.

O que mais me dói é o silêncio dos bons. Onde está a voz profética da Igreja do Senhor? As pedras já estão roucas de tanto clamar! E o povo que deveria ser luz e sal, onde se escondeu? Talvez em algum templo sem janelas, de olhos fechados cantando “derrama tua shekinah sobre nós” (um povo que deixa a desejar no uso da língua portuguesa, mas pensa que sabe cantar em hebraico).

É possível reunir uma grande multidão para assistir um show gospel, para marchar sem saber porque nem para quê, ou para ir a templos que prometem resolver seu problema na base do “toma lá, dá cá”. Mas na hora de denunciar o crime, a corrupção, e tudo o que entristece o coração de Deus, cadê o povo?

É, Luther King, eu também me preocupo com o silêncio dos bons. Me dá a impressão que eles estão com medo. Talvez estejam envolvidos no mundo das sombras e temem que a luz revele suas obras. Ou são puramente egoístas... Não, que absurdo! Os bons não podem ser egoístas!

Nosso país continua tão racista quanto antes. As senzalas apenas mudaram de nome. Agora têm nome de periféricos bairros. As igrejas aceitam o negro, mas há aquelas que insistem em que ele imite os brancos e abandone qualquer vestígio cultural que possa “escurecer” a liturgia.

A fome continua assolando nosso país, mas não há lugar na mesa do Senhor para estranhos, famintos e sujos. É mais comum uma campanha para revestir de mármore a fachada de um suntuoso templo do que para construir uma padaria comunitária para ajudar os menos favorecidos.

A educação no país não é das melhores, mas os templos ficam fechados a maior parte da semana. Até as Escolas Bíblicas Dominicais estão sendo desprezadas (foi numa Escola Dominical que eu despertei o desejo de ler, e foi uma professora de EBD que me ensinou a ler, antes mesmo da idade escolar).

Concordo com os que afirmam que os tempos mudaram. Mudaram mesmo! Mas Deus não mudou e não mudará jamais. Seus princípios são imutáveis. A tristeza é que o seu povo anda mudando, e para pior. Nunca os evangélicos foram tantos neste país, e nunca demos tantos testemunhos negativos como agora. Pastor está virando sinônimo de pilantra. Igreja virou negócio. A terra virou o palco principal, e o céu foi aposentado. Nunca gravamos tantos hinos evangélicos, mas a qualidade é das piores, tanto em letra quanto em música. Nunca tivemos tanta diversidade em matéria de igreja, mas a mensagem foi diluída e perdeu sua eficácia.

Até quando estaremos em silêncio?


Texto de Ebeneser Nogueira publicado originalmente no site da RENAS-Rede Evangélica de Ação Social.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Vai lá Tio!


“Tio, vai lá falar alguma coisa pra nós!” Era a menina Maria, falando, em lágrimas, com Miguel, meu amigo, pedindo-lhe que fosse falar algo no velório da irmã que iria ser enterrada no dia seguinte.

Miguel me telefonou, dizendo que não conseguiria ir só, se eu o acompanharia.
Maria, que solicitara a ajuda de Miguel, tem 14 anos, e já é mãe.
A irmã, que tem um nome que significa princesa, cujo culto fúnebre oficiaríamos, no dia 11 de novembro de 2009, mesma data em que o Dr. Shedd completou 80 anos, acabara de completar 13 anos.
A menina de 13 anos estava morta, overdose, já havia provocado um aborto, mas engravidara de novo, e, em 30 de novembrode 2009, morreu com o filho que carregava em seu ventre, de overdose.
Saiu de um baile funk, e, já drogada, foi para outra festa, onde, mais droga, precipitou a sua morte.
Ela havia dito aos seus que queria morrer! Estava, aos 13 anos, cansada de viver.
A mãe, que, no enterro, queria se jogar na cova, a menina já não via a tempo, fora embora de casa tentar a sorte com outro, o pai, por sua vez, também foi.
Havia, chorando ao lado do caixão, uma jovem de 16 anos, era a esta que a menina de 13 chamava de mãe.
Choravam, também, um garoto de cerca de 15 anos, e uma criança de cerca de 07 anos, eram os outros irmãos da menina.
Meu amigo havia chorado muito, eu fiz o sermão.
Ele tem tentado ajudar aquele povo, ele vive para evangelizar e cuidar do pobres.
Ele escreveu um livro, sobre como manter os filhos longe da drogas, para levantar recursos.
Ele foi até a Igreja da Colina, uma igreja com gente que pode, para tentar vender o livro, mas não fazia parte da prioridade deles ajudar gente assim.
Eu conheço o líder da Igreja da Colina, ele não era assim!
Aliás, nada era para ser assim! Jesus precisa batizar-nos com o batismo da vergonha!
A pobreza e a vileza chocante desfilavam ante os olhos de quem quisesse ver.
De fora: nós dois e um pastor, que viera oficiar outro culto, e passou para ver se podia ser útil.
Ah! Veio também a TV. A desgraça é um espetáculo!
A desgraça passou por nós, e falou-nos sobre o governador e sua polícia, sobre o prefeito, sobre os vereadores, sobre a cidade e sobre a igreja.
Meu amigo orou com a menina de cerca de 07 anos, que não brincará mais com a irmã princesa, que, no brincar, lhe dizia que queria crescer, casar e ter filhos.
Obrigada Tio, disse ela, e nós saímos com a imagem daquela menina bonita, tanto quanto a irmã que fora embora.
Nós vamos falar com a Igreja que pode, outra, para que seja possível voltar lá.
Nós queremos ver aquela menina crescer em graça e sabedoria, queremos vê-la crescer para ser feliz!


Texto do Pr. Ariovaldo Ramos.

Oração da Propina.

Agora não falta mais nada... ou falta?!





Se você quiser saber um pouco mais do 'nobre' deputado que aparece nesse vídeo fazendo essa oração tão fervorosa, clique aqui. 

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A SENTENÇA DE ARRUDA DÁ AZAR. A "ORAÇÃO DE BRUNELLI". E O PAPO DE GRAÇA...

"Se [esses vídeos] aparecerem, me conta com uns cinco  dias de antecedência, que é para eu sumir... ou dar um tiro na cabeça [...] ou matar você". 
Gov. Arruda segundo a transcrição de uma das gravações feitas por Durval e entregue à Polícia Federal.

As palavras do Governador acabam com toda isenção de investigação possível, pois, além dos vídeos e do derrame de esgoto que assistimos [...], as próprias palavras do Arruda determinam o que para ele é grave; e, em tal caso, a gravidade que ele mesmo atribui ao que aconteceu, e ele temia que viesse a público, era tamanha [...] que ele deu a si mesmo de três, uma opção: sumir, se matar ou matar o delator...

Quem declara em oculto tamanha gravidade não pode vir a público achando que fizeram da Verba do Panetone uma fantasmagoria e uma manipulação de documentos...

A única coisa a se perguntar ao Arruda é se os Panetones estavam envenenados [...]; pois, do contrário, por que a revelação da "bondade do governador" distribuindo Panetones o levaria a ter que recorrer ao sumiço, ao suicídio ou ao assassinato?...

A resposta do Arruda pode ser, no entanto, a que ele mesmo, pela sua lógica, daria:

"Vejam! Não é grave! Afinal, se fosse [...] eu teria sumido..., e não sumi [...], me suicidado, e não me suicidei [...], ou matado o Durval, e eu não matei... Portanto, era força de expressão... É que eu sou humilde e não queria que a minha mão esquerda soubesse o que a direita faz..."

Hoje foi o funesto "Dia dos Evangélicos" em Brasília...

Ora, hoje cedo, no Dia dos Evangélicos, eu vi na televisão o Dep. Brunelli, filho do Missionário Doriel de Oliveira, fundador da Casa da Benção, com sede nacional em Brasília, recebendo uma grana do Durval; e, depois, na companhia de outro Deputado, pediu para orar; e, na sua oração agradeceu a grana, a benção da existência do Durval; agradeceu a "força" ao Senhor; e pediu que aquele recurso desse a eles o poder de vencer os inimigos políticos deles; e ainda evocou o sangue de Jesus, dizendo: "Somos falhos, mas o teu sangue nos faz todo bem"...

Foi um dia bem Próprio como "Dia dos Evangélicos"...

Sim, o foi o "presente" que os "evangélicos" receberam da existência...

Ora, o que vale dizer é quando essas gravações acontecem [...], em geral elas pegam apenas o menor ocorrido, pois, em geral, o pior sempre acontece antes de ser gravado...

O fato é que o que acontece aqui em Brasília ainda é fixinha perto do que acontece, por exemplo, na minha terra, no Amazonas, onde o Arruda é apenas um menino se comparado à corrupção que grassa no Amazonas...


(Extraído de um informe que recebi do site do Rev. Caio Fábio).