Certa feita, estive em Belo Horizonte participando de um seminário sobre igreja e inclusão social, o que, por si só, já é uma boa notícia. Bem, como era esperado, pouca gente foi, aliás, nem a igreja promotora foi, mas, tudo bem, a iniciativa vale por si só, foi um evento em parceria com a Visão Mundial. É interessante perceber como esse tema atrai tão pouca gente, talvez as pessoas achem que isso é uma atividade extra da igreja e que só os que têm chamado específico devem comparecer. A propósito, uma vez fui interrompido numa aula sobre isso, por um participante, que me perguntou se eu não estava dando trabalho demais para a igreja. Acho que é assim que boa parte da igreja pensa: "a gente já tem de evangelizar, depois discipular, o que, por si só é trabalho para uma vida. E ainda tem de incluir socialmente?"
O que é preciso perceber é que incluir é o papel da igreja por excelência. A pessoa que entrega a vida para o Senhor é incluída no reino de Jesus e na igreja, e isso significa que é incluída numa nova forma de ser gente e de viver como gente e de ser comunidade. A nova forma de ser gente é ser como Jesus, que é gente como gente deve ser, a nova forma viver como gente é viver com dignidade e a nova forma de ser comunidade é viver a comunhão que o amor propicia. E como vive gente que se parece com Jesus? E como é que vive a comunidade que se pauta pela comunhão que o amor propicia? Vive incluindo. Quando os membros da igreja primitiva vendiam o que tinham para ajudar aos necessitados, ou levantavam ofertas para ajudar igrejas que estavam passando por crises nacionais, como fizeram com a igreja em Jerusalém, estavam praticando a inclusão social. Entenderam que os irmãos tinham o mesmo direito à comida, saúde, transporte, trabalho, educação que os mais privilegiados tinham, e repartiram. A vida da igreja é incluir, nós pregamos para incluir, nós deveríamos viver para incluir, portanto, não deveria haver para nós outra forma de discutir e de agir na sociedade senão pela perspectiva da inclusão.
Jesus veio revitalizar o conceito de humanidade, portanto, veio chamar os homens à contramão do individualismo, e quem está na contramão do individualismo está na mão da inclusão social. Portanto, era de se esperar que a igreja se incomodasse com os excluídos, porque nós sabemos que a exclusão é a negação da salvação. A igreja deveria ser o maior movimento de inclusão social jamais visto, o maior movimento de repúdio ao individualismo e ao consumismo, o maior movimento de promoção comunitária e de promoção da dignidade humana. Espero que no próximo encontro tenha mais gente. Você está convidado.
Ariovaldo Ramos (Blogando Graça)
Nenhum comentário:
Postar um comentário