domingo, 10 de agosto de 2008

Cuidado com a cosmética do capeta!

O jornalista Elio Gaspari, em seu livro “A Ditadura Encurralada”, conta que o general João Baptista Figueiredo, ex-presidente do Brasil, sofria de um problema nos olhos – uma conjuntivite talvez – que o obrigava a usar óculos escuros constantemente. Preocupado com isso, o então secretário do presidente Ernesto Geisel, Heitor Ferreira, mandou-lhe um colírio e um bilhete com os seguintes dizeres:

- Três gotas em cada olho, “dois olhos claros e bonitos (...)”.

Ao que Figueiredo respondeu:

- Vejo que o amigo está preocupado com a minha imagem (...). O que adiantará melhorar o “figurino” e a fisionomia se a alma continua a mesma? Melhor será me deixar ficar como sempre fui. De qualquer forma vou pingar de acordo com a sua recomendação.

Na época em que este diálogo foi travado (há cerca de trinta anos), articulava-se a candidatura de Figueiredo para a presidência. Logo, a preocupação de Heitor Ferreira com a imagem dele era compreensível, já que o mesmo poderia ficar caracterizado pelo uso constante dos referidos óculos.

“Mas”, você deve se perguntar, “qual é o seu propósito em falar dessa curiosidade histórica nesse espaço?” Eu explico. Leia novamente a frase destacada em amarelo. O que você acha dessa pergunta? Será que resolveria pro ex-presidente melhorar o “figurino” apenas? “Depende do propósito da mudança”, alguns diriam. Pois é. Foi essa pergunta que me fiz quando me deparei com essa história no referido livro. Será que adianta melhorar a fachada, “dar um tapa no visual”, como dizem por aí?

Quanto tempo você tem gastado tentando melhorar o “figurino” e a fisionomia? Quanto tempo você tem passado diante do espelho? É um tempo proporcional ao que você gasta em oração e leitura da Bíblia? É proporcional ao tempo que você separa para estar a sós com Deus? Você é tão liberal em ofertar para a obra de Deus quanto o é comprando produtos de beleza e roupas?

Pense nisso, querido.

É lamentável que o exterior seja valorizado em detrimento do interior. É lamentável que vivamos numa sociedade que valoriza mais aquilo que “parece” do que aquilo que realmente “é”. É mais lamentável ainda que essa lógica cosmética do inferno tenha invadido a igreja de Cristo e tomado conta de pessoas que, embora aparentem uma vida de santidade e pureza, escondem debaixo de uma máscara toda a sordidez de um comportamento absolutamente contrário à vontade de Deus.

Foi justamente sobre isso que Cristo falou quando advertiu firmemente aos fariseus em Mateus 23.27,28: — Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês são como túmulos pintados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão. Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados.

Que possamos atentar bem para essas palavras de Jesus e fazer um auto-exame na nossa vida. O “figurino” é importante, mas não mais do que aquilo que se passa no interior do nosso ser.

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