quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Vai lá Tio!


“Tio, vai lá falar alguma coisa pra nós!” Era a menina Maria, falando, em lágrimas, com Miguel, meu amigo, pedindo-lhe que fosse falar algo no velório da irmã que iria ser enterrada no dia seguinte.

Miguel me telefonou, dizendo que não conseguiria ir só, se eu o acompanharia.
Maria, que solicitara a ajuda de Miguel, tem 14 anos, e já é mãe.
A irmã, que tem um nome que significa princesa, cujo culto fúnebre oficiaríamos, no dia 11 de novembro de 2009, mesma data em que o Dr. Shedd completou 80 anos, acabara de completar 13 anos.
A menina de 13 anos estava morta, overdose, já havia provocado um aborto, mas engravidara de novo, e, em 30 de novembrode 2009, morreu com o filho que carregava em seu ventre, de overdose.
Saiu de um baile funk, e, já drogada, foi para outra festa, onde, mais droga, precipitou a sua morte.
Ela havia dito aos seus que queria morrer! Estava, aos 13 anos, cansada de viver.
A mãe, que, no enterro, queria se jogar na cova, a menina já não via a tempo, fora embora de casa tentar a sorte com outro, o pai, por sua vez, também foi.
Havia, chorando ao lado do caixão, uma jovem de 16 anos, era a esta que a menina de 13 chamava de mãe.
Choravam, também, um garoto de cerca de 15 anos, e uma criança de cerca de 07 anos, eram os outros irmãos da menina.
Meu amigo havia chorado muito, eu fiz o sermão.
Ele tem tentado ajudar aquele povo, ele vive para evangelizar e cuidar do pobres.
Ele escreveu um livro, sobre como manter os filhos longe da drogas, para levantar recursos.
Ele foi até a Igreja da Colina, uma igreja com gente que pode, para tentar vender o livro, mas não fazia parte da prioridade deles ajudar gente assim.
Eu conheço o líder da Igreja da Colina, ele não era assim!
Aliás, nada era para ser assim! Jesus precisa batizar-nos com o batismo da vergonha!
A pobreza e a vileza chocante desfilavam ante os olhos de quem quisesse ver.
De fora: nós dois e um pastor, que viera oficiar outro culto, e passou para ver se podia ser útil.
Ah! Veio também a TV. A desgraça é um espetáculo!
A desgraça passou por nós, e falou-nos sobre o governador e sua polícia, sobre o prefeito, sobre os vereadores, sobre a cidade e sobre a igreja.
Meu amigo orou com a menina de cerca de 07 anos, que não brincará mais com a irmã princesa, que, no brincar, lhe dizia que queria crescer, casar e ter filhos.
Obrigada Tio, disse ela, e nós saímos com a imagem daquela menina bonita, tanto quanto a irmã que fora embora.
Nós vamos falar com a Igreja que pode, outra, para que seja possível voltar lá.
Nós queremos ver aquela menina crescer em graça e sabedoria, queremos vê-la crescer para ser feliz!


Texto do Pr. Ariovaldo Ramos.

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