sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Círculo universal e atemporal da desgraça e da vergonha.

     São situações semelhantes. Tanto 'In the guetto', composta em 1969 e gravada por Elvis Presley, quanto 'O meu guri', composição magistral de Chico Buarque, esta composta em 1981, falam da infância perdida num recôndito pobre de alguma grande cidade. Esse círculo vicioso que determina a morte de crianças e jovens cada vez mais cedo e em número cada vez maior é estarrecedor. De 69 até hoje, quase nada mudou para melhor. De 81 até hoje, quase tudo mudou para pior. Não conheço Chicago e nem o Rio de Janeiro. Mas conheço muito bem a minha cidade, Cajati. Nela, crianças e adolescentes estão se perdendo por conta do vício das drogas - o crack, em particular - e da exploração sexual. Meninos e meninas são vitimizados às margens da Rodovia Régis Bittencourt sob os olhares de uma sociedade apática e de um poder público inoperante. 
     Segundo reportagem publicada pelo jornal 'O Estado de São Paulo' no último dia 03/11, de janeiro a agosto deste ano o Conselho Tutelar de Cajati registrou 443 atendimentos referentes a exploração ou violência sexual no município, cerca de dois casos por dia. Muitos são vitimizados dentro de suas próprias casas por parentes e/ou conhecidos e outros por caminhoneiros que pernoitam nos pátios dos postos de combustíveis. Digo que são vitimizados porque crianças e adolescentes sempre serão vítimas numa situação dessas. Não há nada que justifique essa barbárie. O pior é saber que, conforme informa a mesma reportagem, nenhuma das cidades atingidas pelo problema da exploração sexual infantil na região do Vale do Ribeira dispõe de uma política específica de enfrentamento.
     Essas músicas são atemporais e universais. Sei que Cajati não é o único lugar do mundo a enfrentar esse tipo de situação. Entretanto, creio que a responsabilidade por quebrar esse círculo de desgraça e vergonha é nossa. Somente com uma postura firme e séria diante dessa realidade é que seremos capazes de garantir um futuro melhor para os nossos meninos e meninas. Creio que a agenda da Reino de Deus inclui uma preocupação genuína com o futuro desses que, nascendo nos guetos congelados de Chicago ou nas favelas ardentes do Rio de Janeiro, estão sob a responsabilidade da sociedade, do poder público e das instituições religiosas. Abençoemos essas vidas para a glória de Deus. Não deixemos que esses pequeninos se percam.








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