terça-feira, 21 de setembro de 2010

Viva.


     Está claro que, em virtude das comemorações do centenário de Chico Xavier, a mídia no Brasil – a Globo, em especial – está dando um grande destaque para o Espiritismo este ano. Aliás, já há muito tempo que a Rede Globo de Televisão vem incentivando esta prática através de suas telenovelas e seriados. O folhetim “Escrito nas Estrelas” e o seriado “A Cura” são exemplos mais recentes. Além do filme “Nosso Lar”, que já foi visto por mais de dois milhões de pessoas nos cinemas.
     
     No Espiritismo, a crença de que os espíritos dos mortos passam para outra esfera da existência humana e que, após algum tempo reencarnam e voltam para essa nossa esfera é muito atraente para a maioria das pessoas. Isso porque, para muitos, a idéia de que você sempre poderá voltar para consertar as coisas soa muito bem. Porém, creio que o principal atrativo do Espiritismo é a idéia de que os mortos possam se comunicar com os vivos e, dessa forma, realizar alguma coisa boa mesmo estando do outro lado. Mas, não é isso que a Bíblia ensina.
     
     Considerando apenas Filipenses 1.24-26, aprendemos que, para abençoar as pessoas, é necessário que permaneçamos vivos. Ou seja, se queremos cumprir a vontade de Deus e expressar o amor conforme Jesus nos ensina, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como queremos ser amados (Mt 22.37-40), temos que aproveitar esta vida. Pois, depois desta, vem o juízo (Hb 9.27,28). A Bíblia diz que a morte é como água derramada na terra. Uma vez que se derrama, não se pode ajuntar mais (2 Sm 14.14).
     
    Para abençoar nossos irmãos, é necessário que permaneçamos vivos. Vivos em todos os sentidos. Quando a morte nos ronda e ficamos tentados a desistir, devemos nos lembrar daqueles que caminham conosco e que precisam da nossa ajuda. Sempre haverá alguém que você possa ajudar. O apóstolo Paulo nos mostra isso na carta que escreveu aos irmãos de Filipos. Mais uma vez ele nos dá um grande exemplo de altruísmo e amor ao próximo. Preso e na iminência de ser condenado à morte por seguir a Jesus, ele se recorda de outros que, sob o mesmo fogo de perseguição, ainda precisavam do seu apoio. Gente que ele amava e por quem era amado.
     
     Deixar esta vida e estar com Cristo é muito melhor, diz ele. Entretanto, era necessário continuar vivo para ajudar aos seus irmãos a progredirem na caminhada com Jesus aqui mesmo, na terra dos viventes. Com isso, ele os fortalecia e os ensinava como se regozijar por meio da fé. A fé produz alegria.
    
     É bem verdade que, em muitos momentos, somos tentados à morte. Não falo da morte física, necessariamente. Falo da morte dos nossos sonhos, dos nossos projetos. Há muitos que estão vivos, mas que já desistiram da vida há tempos. Não os julgo. Creio que somos todos susceptíveis a isso. Nesses momentos é como se estivéssemos amarrados numa âncora que nos arrasta para as profundezas da tristeza e do desânimo. Damos tudo por perdido e a vida perde todo o seu bom sabor. Parece que, em alguns momentos, o próprio Paulo era tentado por esse tipo de pensamento. Mas ele vence essas tentações ao se lembrar dos seus irmãos. Quando se lembra da igreja e de tanta gente que ainda poderia ser ajudada, ele se dispõe a fazer o que podia naquela situação de encarceramento, isto é, orar (Fp 1.4) e escrever cartas de orientação e estímulo, sob a inspiração do Espírito Santo.
     
     Sempre que a morte lhe parecer uma alternativa atraente diante de todas as crises que a vida nos impõe, lembre-se de que você ainda pode fazer algo útil em favor de alguém. O verdadeiro discípulo de Cristo se renova no serviço a Deus e ao próximo. Pense nisso e viva por amor a Deus, a si mesmo e às pessoas que Deus quer abençoar através de você. Não desista. O tempo para se fazer o bem se chama Hoje. Pois, como diz as Escrituras Sagradas: “Um pouco mais de tempo, um pouco mesmo, e virá aquele que tem de vir; ele não vai demorar. E todos aqueles que eu aceito terão fé em mim e viverão. Mas, se uma pessoa voltar atrás, eu não ficarei contente com ela. Nós não somos gente que volta atrás e se perde. Pelo contrário, temos fé e somos salvos”. (Hb 10. 37-39).

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