quarta-feira, 22 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Viva.


     Está claro que, em virtude das comemorações do centenário de Chico Xavier, a mídia no Brasil – a Globo, em especial – está dando um grande destaque para o Espiritismo este ano. Aliás, já há muito tempo que a Rede Globo de Televisão vem incentivando esta prática através de suas telenovelas e seriados. O folhetim “Escrito nas Estrelas” e o seriado “A Cura” são exemplos mais recentes. Além do filme “Nosso Lar”, que já foi visto por mais de dois milhões de pessoas nos cinemas.
     
     No Espiritismo, a crença de que os espíritos dos mortos passam para outra esfera da existência humana e que, após algum tempo reencarnam e voltam para essa nossa esfera é muito atraente para a maioria das pessoas. Isso porque, para muitos, a idéia de que você sempre poderá voltar para consertar as coisas soa muito bem. Porém, creio que o principal atrativo do Espiritismo é a idéia de que os mortos possam se comunicar com os vivos e, dessa forma, realizar alguma coisa boa mesmo estando do outro lado. Mas, não é isso que a Bíblia ensina.
     
     Considerando apenas Filipenses 1.24-26, aprendemos que, para abençoar as pessoas, é necessário que permaneçamos vivos. Ou seja, se queremos cumprir a vontade de Deus e expressar o amor conforme Jesus nos ensina, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como queremos ser amados (Mt 22.37-40), temos que aproveitar esta vida. Pois, depois desta, vem o juízo (Hb 9.27,28). A Bíblia diz que a morte é como água derramada na terra. Uma vez que se derrama, não se pode ajuntar mais (2 Sm 14.14).
     
    Para abençoar nossos irmãos, é necessário que permaneçamos vivos. Vivos em todos os sentidos. Quando a morte nos ronda e ficamos tentados a desistir, devemos nos lembrar daqueles que caminham conosco e que precisam da nossa ajuda. Sempre haverá alguém que você possa ajudar. O apóstolo Paulo nos mostra isso na carta que escreveu aos irmãos de Filipos. Mais uma vez ele nos dá um grande exemplo de altruísmo e amor ao próximo. Preso e na iminência de ser condenado à morte por seguir a Jesus, ele se recorda de outros que, sob o mesmo fogo de perseguição, ainda precisavam do seu apoio. Gente que ele amava e por quem era amado.
     
     Deixar esta vida e estar com Cristo é muito melhor, diz ele. Entretanto, era necessário continuar vivo para ajudar aos seus irmãos a progredirem na caminhada com Jesus aqui mesmo, na terra dos viventes. Com isso, ele os fortalecia e os ensinava como se regozijar por meio da fé. A fé produz alegria.
    
     É bem verdade que, em muitos momentos, somos tentados à morte. Não falo da morte física, necessariamente. Falo da morte dos nossos sonhos, dos nossos projetos. Há muitos que estão vivos, mas que já desistiram da vida há tempos. Não os julgo. Creio que somos todos susceptíveis a isso. Nesses momentos é como se estivéssemos amarrados numa âncora que nos arrasta para as profundezas da tristeza e do desânimo. Damos tudo por perdido e a vida perde todo o seu bom sabor. Parece que, em alguns momentos, o próprio Paulo era tentado por esse tipo de pensamento. Mas ele vence essas tentações ao se lembrar dos seus irmãos. Quando se lembra da igreja e de tanta gente que ainda poderia ser ajudada, ele se dispõe a fazer o que podia naquela situação de encarceramento, isto é, orar (Fp 1.4) e escrever cartas de orientação e estímulo, sob a inspiração do Espírito Santo.
     
     Sempre que a morte lhe parecer uma alternativa atraente diante de todas as crises que a vida nos impõe, lembre-se de que você ainda pode fazer algo útil em favor de alguém. O verdadeiro discípulo de Cristo se renova no serviço a Deus e ao próximo. Pense nisso e viva por amor a Deus, a si mesmo e às pessoas que Deus quer abençoar através de você. Não desista. O tempo para se fazer o bem se chama Hoje. Pois, como diz as Escrituras Sagradas: “Um pouco mais de tempo, um pouco mesmo, e virá aquele que tem de vir; ele não vai demorar. E todos aqueles que eu aceito terão fé em mim e viverão. Mas, se uma pessoa voltar atrás, eu não ficarei contente com ela. Nós não somos gente que volta atrás e se perde. Pelo contrário, temos fé e somos salvos”. (Hb 10. 37-39).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O "eixo do mal" em terras brasileiras.

 
Pelas mais variadas razões, diferentes amigos e, quem sabe, alguns inimigos, me mandaram um vídeo do pastor Paschoal Piragine, com o sugestivo aviso: “Corremos perigo. Repassem, por favor, antes que seja tarde demais”. Levei um susto e, imagino, essa era exatamente a ideia. Tema: a iniquidade e em quem (não) votar nas próximas eleições. O perigo da “institucionalização da iniquidade” que se avizinha: 3 de outubro.

Considerando o assunto — campanha política —, nada de novo. As eleições são pródigas em vídeos, CDs e gravações, digamos, apócrifos, sobre demônios, comunistas, entre outros tipos de anticristos que, não muito tempo depois do pleito, passam a frequentar os mesmos salões dos religiosos.

O medo e a desconfiança também fazem parte do jogo político. Nem sempre um jogo limpo. Mas a luta pela não institucionalização da iniquidade não é nova. Vou poupar o leitor e vou direto ao ponto. Talvez, tal institucionalização seja fruto do constantinismo, tantas vezes chamado ingenuamente de “bênção de Deus” por nós evangélicos: telhas, praças da Bíblia, terrenos, dia disso, dia daquilo, entre outras sinecuras. Constantinismos daqui e dalém-mares. No governo e na igreja de hoje, no governo e na igreja de ontem.

Como alerta, para além da política eleitoral, faço coro com o pastor Piragine: “Nós não queremos a iniquidade institucionalizada no Brasil”. É bom que o cidadão e, vá lá, o eleitor cristão conheçam a história do “seu” candidato. Saibam por onde andou, com quem andou, se está a serviço de alguém — grupo, partido, empresa, ONGs, igreja, movimentos. No entanto, é preciso cuidado com a tentação — que podemos chamar de “tentação Copa do Mundo”, aquela que acontece de quatro em quatro anos — de traçar uma linha divisória entre o bem e o mal em terras brasileiras. É bom lembrar N. T. Wright sobre o assunto: “A linha que separa o bem e o mal não passa entre “nós” e “eles”, mas sim por cada indivíduo, por cada sociedade”.

E, por falar em eleições, é preciso ser prático. Não faz muitos dias, mais de 3 mil homens (policiais civis e militares) fizeram a segurança da 14ª Parada do Orgulho Gay em São Paulo, na Avenida Paulista e na Rua da Consolação. Os investimentos bateram a casa de 1 milhão de reais, por parte da Prefeitura Municipal de São Paulo. Uma semana antes do evento, o coordenador geral da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual, Franco Reinaudo, não deixava dúvidas: “A parada pretende ser mais organizada e segura do que a edição de 2009. Usaremos [os recursos] para melhorar a infraestrutura para atender melhor munícipes e turistas”. Ao final da festa, que reuniu 3 milhões de pessoas, o representante do governo municipal arrematou: “Este é o nosso Natal”...

Enfim, não sem ironia, podemos respirar aliviados: a iniquidade já está “institucionalizada”. E, diga-se de passagem, em São Paulo, onde a cidade e o estado, não é de hoje, têm governos de oposição ao temido partido que tomou conta do Palácio do Planalto. Devo repetir. O alerta é válido e, de fato, “Deus não tolera a iniquidade”. Acrescento: não importa o partido. Mas ela tem data de validade; apenas não arriscaria a dizer que é 3 de outubro. De qualquer modo, parafraseando o texto bíblico, não é bom confiar em príncipes, quer do PT, do PSDB, do DEM, nem mesmo em príncipes evangélico.


• Marcos Bontempo, editor da Revista Ultimato.